As Aranhas

Não compreendo (nem um bocadinho) as pessoas que escolhem uma tarântula como animal de companhia, no entanto, simpatizo com aranhas.
Quando vim morar no campo, apercebi-me que as aranhas são uma constante e vivo bem com isso. Quando encontro uma dentro de casa, o que é frequente, apanho-a com uma pá e vassoura e solto-a na rua, desejando-lhe felicidades e que apanhe muitas moscas e mosquitos.
No que toca às aranhas, a vida no campo parece-me muito atractiva. Ainda mais se a compararmos com a vida na cidade, repleta de baratas, esses bichos nojentos que me fazem correr até esbarrar com uma parede e gritar como uma doida.
Na cidade, se temos a sorte de não encontrar baratas em casa, não podemos evitar encontrá-las nas ruas, mortas durante o dia ou a esgueirarem-se entre os nossos passos à noite.
Voltando às aranhas…
A casa para onde vou morar esteve abandonada o tempo suficiente para ser invadida por dinastias de aranhas que teceram teias e teias, tantas que, todas juntas, eram suficientes para fazer um vestido de noiva, daqueles compridos e com uma grande cauda!
Em tal cenário, não encontrei outra alternativa senão matá-las e limpar os metros e metros de teias…
Não é uma solução com a qual me sinta confortável, sinceramente não, mas o realojamento de dezenas e dezenas de aranhas, no meio de tantas coisas que há a fazer, pareceu-me impossível.
Cheia de sentimentos de culpa por ter causado a morte de tantas aranhas, não estava minimamente preparada para a tarefa que me surgiu a seguir: os caracóis!
Quando fui limpar a zona da escola de treino, deparei-me com dezenas e dezenas, talvez centenas, de caracóis agarrados às paredes, às portas, aos vidros das janelas… e aranhas, também!
Aqui em casa, se encontro um ou outro caracol no pátio, pego nele e atiro-o para o campo onde desejo que tenha uma vida longa e feliz! Mas lá, com tantos caracóis, seria impossível.
Armada com uma vassoura, desalojei-os das paredes e varri-os para um saco de lixo, tento o máximo cuidado para não os pisar.
Sei bem que não havia outra solução, mas tanta mortandade pesa-me na alma, tira-me o sono, acorda-me de madrugada…
Escrevo estas linhas enquanto o sol nasce, desejando encontrar no universo compaixão suficiente para ser perdoada ou um qualquer equilíbrio que me redima de tantas mortes causadas.

3 comentários:

Daniela Dionsio disse...

Deixa lá Inês tu matas-te porque não havia outra solução anda por ai mt boa gente a matar por diversão ou para comer.
Então quando é a inaguração? Se precisares de ajuda para alguam coisa diz o meu carro foi para arranjar mas pa semana já o espero ter.

Maria Cristina Amorim disse...

Olá.
Na verdade não gosto nada de aranhas, mas quando vim morar para uma casa com quintal, aprendi a viver com elas. Não foi facil, porque sou daquelas que quando se encontrava com uma, fugia a sete pés a toda a velocidade, arrepiada até aos ossos.
não me conseguia aproximar delas quanto mais matá-las! Agora quando encontro uma dentro de casa apanho-a com um frasco de vidro e solto-a para lá do muro do quintal. Elas são impossiveis de manter á distancia, mas no entanto fazem-nos muita falta, caso contrário estavamos invadidos de moscas e mosquitos bem mais maléficos do que elas.
Levar uma para casa e mante-la dentro de um aquário para depois andar lá com as mãos e vê-la a toda a hora está completamente fora de questão, até porque todo este tipo de animais, incluindo repteis, penso que deveriam estar no seu habitat natural, onde são certamente mais felizes.
No teu caso, penso que não havia outra alternativa senão a que tiveste, pois provavelmente era impossivel de outra forma.
Quanto aos caracois... tenho de confessar que adooooro comê-los, mas na verdade não os consigo cosinhar.Da mesma forma que não cozinho outros bichos que tenham de ser postos vivos dentro da panela... e esses certamente que os despejas-te fora de portas.
Não fiques com sentimentos de culpa, pois a vida é assim mesmo, afinal somos todos animais que lutam por um lugar ao Sol neste mundo injusto.
Lembra-te que daqui em diante podes muito bem gerir a forma como permites ou não a entrada de "visitantes" em tua casa.

(Esta semana encontrei um ratinho a saltar no quintal. Era muito pequenino, e não corria, mas saltava. Ficava a olhar para mim e não fugia. Apanhei-o (com um frasco) e deitei-o para o outro lado do muro, onde não incomoda ninguem. Quando contei a algumas pessoas da familia, perguntaram-me logo (cheias de certesas) se o tinha morto?
Questionei porque deveria de o fazer, e a resposta tardou...
Beijos e fica bem

Ana Alvarenga disse...

Como te compreendo, I: Também realojo as aranhas, abro as janelas às moscas e é frequente, na Vila, retirar os caracóis dos locais de passagem e colocá-los afastados de pés alheios... Nem as baratas me incomodam, nem ratos... Na realidade, talvez apenas (algumas) pessoas... ;)) Beijooo

"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."