Agressividade e Dominância (as minhas histórias)



Sobre dominância há uma história que me contaram e que nunca me esqueci. Impressionou-me imenso pela crueldade e riqueza de pormenores, aos quais vos pouparei.
Foi há muitos, muitos anos, ainda o Cosmos era vivo. Tinha encomendado a um marceneiro umas arcas com rodas para guardar roupa debaixo da cama e ele foi entregá-las a minha casa.
O Cosmos recebeu o marceneiro com a alegria que reservava para as visitas e a conversa virou para o tema dos cães que são grandes amigos, companheiros de vida. Disse que o Cosmos já era velhote e ele também tinha um cão velhote.
- Veja lá, minha senhora, que me propuseram trocar o meu velhote por um cão novo. Como se fosse uma cadeira! Como se eu fosse capaz!
Concordei calorosamente. Talvez por esse clima de concordância, a história que me contou a seguir deixou-me tão impressionada que ainda hoje sinto um nó no estômago ao recordar.
Um cão dele mordera-lhe e o senhor reagira batendo no cão. Bateu e bateu e bateu, tanto que o cão ficou moribundo e foi o filho dele que acabou de matar o cão para lhe poupar aos últimos sofrimentos.
Este é um claro caso de dominância, não da parte do cão, nem sei em que circunstância mordeu ao “dono”, mas da parte do marceneiro que lhe deu uma tareia fatal porque “não admito que um cão meu me morda”!

Há uns meses, o Manuel mordeu-me. Foi uma dentada forte que me deixou a ver estrelas e andei com a mão pendurada durante uma semana. É bom que fique claro que o Manuel não é um cão agressivo, aliás é extremamente sociável, e quem o conhece sabe disso. Mas, na altura, ele estava zangado porque o Zorba estava no lugar dele. Rosnou ao Zorba e eu intervim. Levei uma dentada!
Contei a história a alguns amigos que reagiram de uma maneira que me surpreendeu:
- Mas é claro que lhe bateste!
- Esse cão precisa de apanhar!
Porquê? Não percebo. O que é que ia adiantar eu bater ao Manuel depois de ele me morder? O que é que ia conseguir com isso? Levar outra dentada?
Claramente o erro foi meu; intervim da maneira errada. Quando o Manuel me mordeu nem sequer tinha consciência que era a mim que estava a morder.
Aprendi com o meu erro. Agora estou mais atenta aos sinais, intervenho mais cedo e não uso as mãos!
Agora compreendo melhor os cães e espero, no futuro, compreender ainda melhor.
Espero ansiosa pelo próximo seminário para aprender mais sobre estes temas com a Cláudia porque, para pessoas que, como eu, lidam com cães, o melhor é saber o mais possível sobre eles.

3 comentários:

Claudia Estanislau disse...

fossem todos como tu minha querida... eu também fui incapaz de treinar o meu Tó a fazer as necessidades na rua, porque me disseram que a unica forma de o fazer era bater-lhe no lombo e esfregar-lhe o focinho na urina. Pois eu decidi que ele ficaria porco, eu teria que limpar tudo o resto da minha vida, mas viveriamos felizes, isto foi há quase 9 anos atrás, pouco ou nada sabia sobre cães e ouvia conselhos dos outros. Mas não tenho coragem de bater gratuitamente num amigo que amo tanto. Hoje ele faz tudo na rua, e aprendeu sem que eu tivesse que levantar um dedo... é como dizes é tudo uma questão de aprender com eles e não lutar contra eles... Beijos muitos

Daisy disse...

Acabei agora de ler um livro que já tinha há algum tempo, mas ficava sempre para trás, não sei bem porquê. Tenho dois cães, uma Golden e um Samoiedo (entre os 4 e os 3 anos) e nunca consegui ensiná-los em condições - erro meu! Se tivesse lido há mais tempo o "The Dog Listener" de Jan Fennell, teria sido capaz de "aprender a escutar os meus melhores amigos", segundo as palavras da autora, e não teria cometido tantos erros. Agora tento remediá-los, mas é muito mais difícil. Todos os comportamentos errados dos nossos cães são por nossa culpa e da nossa exclusiva responsabilidade. Agora presto mais atenção aos sinais que eles me enviam e até aprendo com eles. Mas BATER nunca!!
Não poderei estar presente no vosso seminário mas espero que seja um sucesso. Beijos para toda a Casa do Pinhalxxxxx (P.S. Como está a Spring? Não temos tido notícias.)

Maria Cristina Amorim disse...

Uma vez fui ao café com a minha cadela Julie. Nesse dia o filho do dono estava bem disposto e começou a contar-me uma história tão entusiasticamente que levantou a mão em direçao ao meu ombro, 2 vezes... como conhecia muito bem a minha Julie, fiquei de "pé atrás", e quando ele levanta novamente a mão , vi os olhos dela vidrarem e institivamente pus-me á frente dele e...levei uma dentada na cara! Ela saltou directamente para a cara dele, mas ficou ao meu colo, e eu com a cara cheia de sangue. Os comentários foram terriveis «desde que ela era um monstro, até que deveria ser abatida».
Mas eu saí dali com a minha menina pela trela, feliz, porque afinal ela estava a defender-me da atitude que, a ela pareceu agreciva para a sua dona. Não lhe bati nem ralhei, até porque ela ficou muito envergonhada quando percebeu que me tinha mordido a mim.
Beijos

"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."