Portugal - Brasil


Não, não vou escrever sobre futebol! Acontece que tenho contactado com algumas pessoas do Brasil no âmbito da protecção animal e verifico que a ideia que essas pessoas têm da realidade portuguesa é bem diferente do que acontece.
Elas pensam que Portugal é um país civilizado, em que há leis de protecção animal e que essas leis são respeitadas, assim como acontece nalguns países da Europa como Inglaterra, Alemanha, Holanda…
Como se enganam! Eu lá vou tentando explicar que aqui as coisas são diferentes, que é miséria atrás de miséria, que é tão mau que até dói.
Agradeço as vossas opiniões e comentários para tentar mostrar a quem não vive cá, a realidade dos animais em Portugal.
Sobre a realidade brasileira, tenho muito gosto em partilhar um texto que recebi sobre a primeira lei de protecção animal no Brasil.
“No Brasil em 1930 um ditador chamado Gertúlio Vargas , havia tomado o poder devido a corrupção do governo da época, era sulista e tinha um amor especial pela vida no campo e respeito pelos animais. Um dia sua esposa Dona Darcy Vargas chegou arrasada em casa , preocupado o marido perguntou o que havia sucedido, ela relatou que vira um homem espancando um cavalinho magro até o pobrezinho cair , ele só perguntou aonde?
Enviou o Chefe do Estado-maior sulista como ele até lá prender o cara e dar assistência ao animal. Era hora do almoço e nunca se correu tanto para acudir um bicho como naquele dia.
Professores do Curso de veterinária foram chamados , o cavalinho foi internado e o homem foi para a delegacia sem saber direito porque, pois era o dono do cavalo e tinha direitos.
Colocaram o cara numa cela isolada. O delegado disse que como poderia manter o homem preso sem acusação formal? Vargas respondeu: " Deixa lá que a Lei eu providencio".
Assim um mês depois de ser preso o homem foi acusado de actos de crueldade com base no Decreto -Lei 24.645 de 1934. O cavalinho sarou e foi entregue para gente de confiança do ditador. E o homem ficou na cadeia por mais 12 anos porque a Justiça no Brasil é meio lenta.
no artigo Primeiro desse decreto está escrito:
Art.1 - Todo os animais dentro do território nacional são tutelados do Estado e este em seu nome deve prover protecção contra maus-tratos.”

3 comentários:

Claudia Estanislau disse...

a realidade portuguesa no que toca aos animais de estimação é uma que não avançou nem desenvolveu nos
ultimos séculos. Algumas leis existem que não são impostas por ninguém. Existem outras leis mal feitas e organizadas sem intento final que tenha lógica. Os animais são tidos como objectos e como tal o abandono, mau trato, morte, etc.. não são puníveis por lei como crime. Em relação à população em geral, a maoioria não tem acesso à informação mais básica, e outros têm informãções erradas acerca do que se deve e pode fazer em realação aos seus animais. Pulula, o conhecimento popular, passado de geração em geração cravejado das suas falhas típicas. Não existe um real acompanhamento das últimas descobertas nem na área do treino, comportamento e até da medicina veterinária. Veterinários em Portugal que veêm a sua profissão de forma progressiva, e que se instruem constantement sobre novos estudos são poucos. A maiorida dos veterinários ainda dá conselhos errados aos donos de animais, e fala-se da medicina veterinária como escape para aqueles que queriam ser médicos mas não conseguiram. Muitos são os veterinários que fazem a sua profissão cobertos por um manto de desagrado e interesse puramente financeiro. Enquanto isto pode ser realidade em muitos outros países, o problema em Portugal é a resistência cabal ao desenvolvimento, a abertura a novas ideias, a ler novos estudos, a desenvolver o que são. Portugal tem uma muito triste realidade perante os seus mais nobres animais, um dos motivos que me fez sair de Inglaterra e voltar para cá, para poder no fundo fazer o que posso, porque nós temos milhares de pessoas que amam seus animais e por eles fazem tudo, é por esses que voltei, porque merecem ter acesso a uma outra realidade, e eu ao deserto, junto o meu grão de areia de esperança.

Ana Alvarenga disse...

...às vezes, os ditadores têm destas coisas, que nos surpreendem. Eu acredito na evolução (não, não sou utópica, nem parvinha), acredito que as coisas hão-de melhorar e os animais, todos os animais, incluindo o Homem, terão Direitos. Antes das Leis, é a mentalidade das pessoas que tem que mudar e cabe-nos a nós essa tarefa diária.

Jorge disse...

Não concordo com a apreciação da situação dos cachorros no Brasil vs Portugal.
Aqui no Brasil, os nossos amiguinhos cachorros são tb muito mal tratados. Somente as pessoas com alguma cultura os tratam bem. Mas isso acontece também em Portugal.
Aqui no Estado de S. Paulo, um dos mais evoluídos do país, a vida média de um cachorro não ultrapassa os 3 anos. Sei que em Portugal não é assim - 8 a 9 anos.
Aqui ninguém cumpre as leis que são até rígidas demais para esta população. Elas são sempre ultrapassadas ou pura e simplesmente ignoradas.
A maioria da população não leva o cachorro ao veterinário. É o rapaz do pet-shop que indica o tratamento e é fácil abater os cachorros com drogas adquiridas nas casa de ração. Em Portugal os medicamentos para animais são vendidos nas farmácias, no Brasil nas casas de ração e são teoricamente controladas pelos veterinários, em Portugal por farmacêuticos, que são mais especializados em farmacologia, etc...
Portugal sempre é do 1º mundo e alguns portugueses têm o costume de falar mal do seu país. Depois admiram-se dos brasileiros lhes chamarem de burros e "manés" (e atrasados).

"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."