Qualidade versus Quantidade


As muitas pessoas e associações que por este Portugal afora tentam ajudar animais domésticos em risco têm a necessidade de fazer uma opção importantíssima: resgatar o máximo número de animais possível ou oferecer a máxima qualidade de vida aos animais que resgatam.
O ideal seria ambas, mas não é possível porque os recursos (de tempo, dinheiro e espaço) são limitados.
Conheço associações onde cabe sempre mais um cão ou gato, que nunca recusam um pedido, que não viram as costas a nenhuma situação. São associações que optam pela quantidade, mesmo que não o façam conscientemente.
São associações que têm abrigos sobrelotados, onde os animais têm pouco espaço, pouca atenção e reduzidos cuidados médicos. É que o espaço é pouco para tantos animais; os voluntários têm de distribuir o seu tempo entre limpezas e carinhos; o dinheiro não chega para vacinar ou desparasitar todos…
O mais grave, quanto a mim, é, por se encontrarem sempre numa situação aflitiva, às vezes têm de resolver casos “em cima do joelho” e fazem adopções deficientemente acompanhadas e, mais grave ainda, sem esterilizarem as fêmeas.
Ora, dar para adopção uma fêmea não esterilizada é multiplicar os problemas; mais tarde ou mais cedo essa fêmea dará origem a dezenas de outros animais indesejados.
Outras associações fazem questão na qualidade. Recolhem um número limitado de animais, apenas aqueles a quem podem assegurar alimentação, cuidados médicos, acompanhamento diário para passeios, escovagem, etc., seguimentos cuidadoso das adopções… A regra é: só entra um animal quando outro sai.
Estas associações podem ser mal vistas por recusarem sistematicamente ajuda aos apelos que lhes fazem visto manterem-se inabalavelmente fiéis aos seus princípios de qualidade.
Talvez a grande maioria das associações se situe num ponto intermédio de qualidade versus quantidade. Mas, independentemente do posicionamento de cada associação, acredito que um factor é essencial: a esterilização das fêmeas! É que, ao darem para adopção uma fêmea não esterilizada, as associações estão a contribuir activamente para aumentar o problema que se esforçam por combater: o flagelo dos cães e gatos de rua!

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"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."