Posse Responsável


Hoje de manhã, recebi um email com o folheto acima e outro que passo a transcrever, junto com a minha resposta. Os comentários ficam a vosso cargo.
"Exma,
Venho por este meio dar-vos conta de uma importante informação.
Numa loja de animais em XXX aceitam-se ninhadas de cães ou gatos rafeiros.
Há sempre gente a passar por lá a pedir por cães bebés ou gatinhos e muitas vezes os proprietários da loja já nem têm animais para dar.
É uma solução muito boa para os casos de caezinhos ou gatinhos em risco de abate, parece-me porque sei que lá os animais são muito bem tratados e arranjam dono.
Os donos da loja aceitam os animais e tratam-nos muito bem, só não os vão buscar a lado nenhum...
São os interessados que têm que se deslocar.
Ora, só tem que se dirigir ao centro de XXX (que fica XXX caso não tenha conhecimento da localização) e procurar pela loja de animais que se chama "XXXXX".
Ora a morada é:
XXXX
Como chegar:
XXXXXXXXX.
Está aberta de segunda a sábado até às 19 e encerra aos domingos.
Abre às 10 das manhã e fecha às 13. Abre de novo às 15 e fecha às 19 portanto.
Bem, espero que tenha ajudado.
Cumprimentos
XXX XXXX"
A minha resposta:
Senhor XXX XXXX,
Agradeço a informação que divulgou e, confesso, que me deixou bastante preocupada. Não duvidando das boas intenções do pessoal da loja de animais, a minha experiência, por pequena que seja, diz-me que esta situação é extremamente perigosa.
Passo a explicar.
Calcula-se que em Portugal haja cerca de 11 a 15 mil cães abandonados. A grande maioria destes animais tem origem em casa, ou seja, foram adoptados ou nasceram de ninhadas indesejadas e, posteriormente, foram abandonados.
Nas campanhas de adopção em que participei, verifiquei que os bebés são sempre os mais apreciados e fáceis de dar para adopção. A verdade é que toda a gente quer um bebé porque os bebés são muito queridos e fofinhos, mas poucas pessoas tem capacidade de cuidar de um bebé, ensiná-lo a não roer tudo e a fazer as necessidades no sítio, pagar as despesas de saúde... Acontece frequentemente os bebés serem devolvidos depois de alguns meses porque os donos não aguentam mais ter a casa toda destruída, porque estão fartos de limpar os xixis e cocós fora do sítio, porque crescem e deixam de ser queridos e fofinhos...
Outra questão muito importante é que a grande maioria das pessoas não está sensibilizada para a necessidade de esterilizar as fêmeas de modo a evitar ninhadas. Acham que podem evitar que as fêmeas engravidem se as mantiverem longe dos machos na época do cio ou que poderão encontrar donos para os bebés que vierem a nascer. Nem vale a pena dizer que esta situação multiplica os casos de animais indesejados e abandonados. Por isso é que a maioria das associações tem muito cuidado em dar para adopção apenas animais esterilizados e,caso ainda sejam muito novos para serem dados esterilizados, acompanhar a adopção para garantir que serão esterilizados quando chegar a altura. Caso não o façam, as pessoas das associações sabem que estão a multiplicar os problemas que tentam resolver em vez de os resolver.
Uma adopção bem feita, implica muito trabalho. É preciso conhecer os candidatos a adoptantes e perceber se tem condições de tempo e dinheiro para ter um animal de estimação. É preciso ir a casa deles para saber se tem condições para terem o animal. É preciso saber se o animal que tencionam adoptar se adapta ao seu estilo de vida. Se tudo isto correr bem e o animal for adoptado, é preciso fazer visitas de acompanhamento para saber se tudo está a correr bem e o bicho está a ser bem tratado ou se, pelo contrário, foi relegado para uma varanda ou para meio metro de corrente amarrado a uma casota.
Além de tudo isto, há outras situações que é preciso ter em conta. Algumas pessoas usam animais vender, para treino de lutas de cães, experiências médicas e outras situações tão aberrantes que nem vale a pena mencionar. Claro que não dizem as suas verdadeiras intenções. Dizem que gostam muito de animais e sempre quiseram ter um cachorrinho. Mais um motivo para termos muito cuidado com as adopções.
Todas estas situações fazem que me preocupe bastante com a situação que referiu. Só posso pedir-lhe que tente alertar o pessoal da loja de animais para os perigos daquilo que estão a fazer. Fico a aguardar notícias suas.
Atentamente
I

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"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."