Sociabilização


Uma vez, ainda vivia na cidade, quando estava a passear o Manuel e a Girassol, encontrei à porta de um café, um menino de cerca de 10 anos com um cachorrinho bebé pela trela.
O primeiro impulso dos cães foi aproximarem-se para se cheirarem. O primeiro impulso do menino foi afastar o cachorrinho com o intuito de o proteger.
Expliquei ao menino que os cães não faziam mal, eram saudáveis e estavam vacinados, pelo que não tinha que se preocupar que transmitissem doenças ao seu cachorrinho.
Enquanto os cães se cheiravam, aproveitei para falar com o menino. Perguntei-lhe se o cachorro já fora vacinado e como é que se chamava. Expliquei-lhe que era muito importante para o cachorro sociabilizar com outros cães, para que se habituasse a conviver com os outros e a não ter medo.
Nessa altura, a avó, que estava dentro do café, gritou-lhe para afastar o cachorro dos meus cães, pelo que achei que era boa altura para continuar o meu passeio.
Despedi-me do menino e fiquei a pensar no assunto.
Já não me lembro onde é que li que os cachorros em fase de sociabilização devem contactar diariamente com 100 cães e 100 pessoas diferentes. Parece-me muito difícil encontrar tantos cães e tantas pessoas!
O essencial é que os cachorros sejam expostos ao maior número possível de estímulos para que se habituem e não criem medos.
Um cachorro que é afastado de outros cães terá tendência para ter medo deles e esse medo irá permanecer quando se tornar adulto. O que tem consequências duplamente negativas. Primeiro, porque nunca se sentirá confortável na presença de outros cães, o que significa imensos momentos de desconforto na vida do cão. Depois, porque o medo pode levar à agressividade, com consequências que podem ser desastrosas e até fatais.
Um dono de cão que tenha medo de outros cães e transmita esse medo ao seu cão está a contribuir para a infelicidade dele.
Quando acolhemos na nossa vida um companheiro canino, temos de ter atenção a todas as coisas que lhe queremos (ou não) transmitir. Temos de nos informar e pensar bem em todos os aspectos dessa relação. Quanto mais pensado e planeado for, mais hipóteses termos de construir uma relação gratificante para ambas as partes.

3 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

Este poste contém informação muito importante.
Tenho muita pena dos animais que são proibidos pelos seus donos de interagir com outros. Tornam-se seres infelizes, muito agressivos para os outros cães, porque essa foi a mensagem que lhes foi passada pelos donos. As tuas palavras, neste texto, descrevem com exactidão o que penso sobre este assunto. Costumo ter conversas iguais com as crianças, também tento tê-las com alguns adultos, mas nem sempre é possível, porque as pessoas que proíbem os seus cães de se aproximarem das minhas cadelas também me são hostis a mim. Odeiam-me por ter as cadelas soltas, e talvez me odiassem mesmo que não tivesse. Essas pessoas também não interagem. Agora veio a moda de que as cadelas não se dão bem com as cadelas e os cães não se dão bem com cães, e também me costumam perguntar ao longe, "é cão ou cadela", ao que respondo que é cadela, mas que isso não interessa. E de facto, não. As minhas cadelas dão-se bem, igualmente com cães ou cadelas, bem como todos os outros cães que tive desde criança. Não sei de onde apareceu agora esta triste moda.

Gosto muito do teu blogue. É umn dos meus blogues preferidos de toda a blogosfera.


Beijos.

Doggy Palooza disse...

Fiquei tão inchada com o elegio, tão inchada que parecia um balão! Estive mais de meia hora pendurada no tecto sem que a força da gravidade me afectasse, de tão inchada que fiquei.
Aproveite para limpar o pó às lâmpadas! :)

Anônimo disse...

Esses preconceitos que os humanos inventam, além de serem ridículos, mostram a capacidade restrita ,do ser humano se relacionar bem com os seus congéneres e além disso ainda prejudica, as relações naturais e amigáveis entre seres de outras espécies, o que é bem mais grave!
Pensam que os outros seres são um espelho de si próprios. Isso é de uma ignorância muito destrutiva...

"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."