Uma História quase Verídica (primeira parte)


Metade desta história é verídica. A outra metade é apenas provável.
Chamarei à personagem principal humana Filó e à personagem principal canina Fifi.
Conheço a Filó. Ela gosta de animais, alimenta colónias de gatos de rua, preocupa-se com cada cão que encontra abandonado, ajuda animais em risco sempre que pode.
Um dia, soube que a Filó tinha uma bela cachorra pastor alemão, a Fifi. Fora oferecida por um senhor que faz criação de pastores alemães e vende os machos para serem cães polícia ao serviço das instituições da lei e da ordem. Como estas instituições preferem machos, oferece as cadelas a quem as trate bem, como a Filó.
Fiquei contente pela Filó e pela Fifi, mas também fiquei triste porque achei que a Filó poderia ter resgatado um cão de rua, em vez de ajudar quem faz dos cães um negócio. Enfim.
-Vais colocar chip na Fifi? Perguntei. Não, chip nem pensar. Ainda bem que ela nasceu antes de se tornar obrigatório o chip!
- Ok, mas, pelo menos, coloca uma placa com o teu telefone na coleira, para o caso dela se perder… E esterilizá-la? Estás a pensar nisso?
Ia pensar. Não sei se pensou ou não, mas quando a Fifi desapareceu não estava esterilizada nem tinha placa com telefone na coleira.
Não posso imaginar o que a Filó terá sofrido, felizmente nunca passei por isso, mas calculo que tenham sido dias e dias de desespero e angústia.
Quando a Fifi apareceu participei da alegria geral, mas fui avisando: - Acho que devias levar a Fifi ao veterinário para saber se está grávida.
Digo sempre as coisas que ninguém quer ouvir e, em contrapartida, não me dão ouvidos! Infelizmente eu estava certa e a Fifi estava grávida.
Aconselhei esterilização imediata e quase fui banida do círculo de amizades da Filó. Como é que me atrevia a dizer uma coisa desses com os cachorrinhos quase a nascer! Não, nunca teria coragem de fazer tal barbaridade. Havia de conseguir dar todos os bebés.
Nasceram quatro fêmeas e três machos mas um dos machos não sobreviveu. Lindos, lindos. Dava gosto ver a Fifi e os seus meninos.

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"Sempre que um cão sai das minhas mãos para uma nova família, desejo que o tratem tão bem, ou ainda melhor, que eu. Desejo que compreendam que o cão não entra na suas vidas para os fazer felizes, mas, inversamente, a ideia é eles fazerem feliz o cão."