Convidei alguns amigos a participarem neste blogue, contando histórias de casos que tenham vivenciado. Em resposta ao convite, recebi a história do Leãozinho que tenho o prazer de partilhar convosco.
Aqui na terra onde vivo, a câmara conjuntamente com a Liga Portuguesa Dos Direitos Dos Animais, LPDA, resolveu fazer um abrigo para cães e gatos ao abandono.
Tem condições boas, dentro do que disso se pode considerar, pois tem uma clínica com bom equipamento e um veterinário, excelente como pessoa e como médico.
Salva vidas quase todos os dias e as que não consegue salvar, sofre profundamente. É um ser humano com valores e de um altruísmo carismático.
Como sou "habituée", pois toda a vida recolhi cães abandonados, somos muito amigos e conheço-o há 10 anos, antes do abrigo ter parceria com a LPDA.
Um dia fui à clínica, numa consulta de rotina com uma cadela minha e vi-o muito triste. Homem reservado e sensível, resolvi perguntar qual era o problema.
Contou-me então que estava desgastado, com um caso de um cão, que tinha sido apanhado num boeiro, duma estrada municipal, em estado deplorável, com fome de vários dias e a coluna vertebral partida. 6 meses de tratamento e o pobre animal, não havia forma de recuperar, pois estava paraplégico.
Fiquei triste e voltei para casa. Da próxima vez que lá fui, perguntei pelo doente: - Quem, o Leãozinho pois pelos vistos assim o tinha "baptizado"- Chama-se Leãozinho disse eu
-Sim foi o nome que lhe pus, pois tem muito mau génio, morde-me todos os dias, quando lhe faço os tratamentos; sabe Helena, estou agastado com aquele caso, pois ocupa imenso tempo, em detrimento dos outros... - disse triste
- Mas o cão não é minúsculo perguntei
- É, só que é bravo como um corisco, vira as costas sempre que me vê, a Helena sabe como são os Pequinois de raça pura... uma personalidade forte...
- É um pequinois?
- Sim e de uma pureza pouco normal, não é todos os dias que se vê um assim, sei que deve ter sido criado com todos os mimos e agora está ali sozinho e não tolera companhia. Um problema.
Vim para casa e sentei-me um pouco a pensar no assunto. Quando de repente Eureka. Peguei no telefone e liguei para uma senhora que não via há mais de vinte anos.
- Perguntei à senhora se tinha desaparecido algum cão da sua casa, pois sabia que era fã de pequinois.
- A Helena nem me fale, desapareceu o meu Cocas há 6 meses, em Maio, já procuramos tudo, não consigo conformar-me e o meu marido que teve um AVC, está inconsolável, pois era seu companheiro na doença. - A coisa coincidia com o que o Dr. tinha dito.
- Sem mais nem para quê, liguei ao médico para se encontrar connosco no abrigo, pois tinha encontrado os donos, embora tivesse sido o instinto a dizer-mo.
O Senhor que mal podia andar desceu as escadas e sem mais dizer, enfiou-se no carro e lá fomos nós, de coração nas mãos a rezar para que fosse ele.
- Quando chegámos, entrei com o médico à frente e o Leãozinho, virou-se para a parede, de costas para nós. Pelo que chamei: - Cocas, Cocas... - o pequenino voltou-se e arrastou-se para mim. É ele e chamei a sua família. Não dá para descrever a emoção daquele momento, o senhor agachou-se com imensa dificuldade acariciou o bicho, como a sua pouca mobilidade lhe permitia. A senhora chorava convulsivamente e eu e o Dr. olhamos um para o outro e vimos os olhos de cada um, cheios de lágrimas.
Fui eu que o levei ao colo para casa, dentro do carro e os olhos do bicho tinham ganho vida. Estava eufórico de emoção.
Fez a alegria daquele casal idoso voltar, mesmo no estado em que se encontrava, paraplégico.
Passei a ir vê-lo de vez em quando e para ele, fui eu que o salvei, pois não era de muitas amizades e quando me via corria para mim. Sim, eu disse corria. Ao fim de mais 6 meses estava completamente curado e só com tratamentos de banho de imersão, exercício e muito carinho.
Vale a pena viver a vida, empenharmo-nos por pouco que seja, para trazer alegria a quatro seres; o cão, os donos, o médico e eu também consto na lista!
Querer é poder e uma força desconhecida impeliu-me para a resolução do problema, e não é que consegui?! Só ganhei ao "perder 4h de tempo".
Aqui na terra onde vivo, a câmara conjuntamente com a Liga Portuguesa Dos Direitos Dos Animais, LPDA, resolveu fazer um abrigo para cães e gatos ao abandono.
Tem condições boas, dentro do que disso se pode considerar, pois tem uma clínica com bom equipamento e um veterinário, excelente como pessoa e como médico.
Salva vidas quase todos os dias e as que não consegue salvar, sofre profundamente. É um ser humano com valores e de um altruísmo carismático.
Como sou "habituée", pois toda a vida recolhi cães abandonados, somos muito amigos e conheço-o há 10 anos, antes do abrigo ter parceria com a LPDA.
Um dia fui à clínica, numa consulta de rotina com uma cadela minha e vi-o muito triste. Homem reservado e sensível, resolvi perguntar qual era o problema.
Contou-me então que estava desgastado, com um caso de um cão, que tinha sido apanhado num boeiro, duma estrada municipal, em estado deplorável, com fome de vários dias e a coluna vertebral partida. 6 meses de tratamento e o pobre animal, não havia forma de recuperar, pois estava paraplégico.
Fiquei triste e voltei para casa. Da próxima vez que lá fui, perguntei pelo doente: - Quem, o Leãozinho pois pelos vistos assim o tinha "baptizado"- Chama-se Leãozinho disse eu
-Sim foi o nome que lhe pus, pois tem muito mau génio, morde-me todos os dias, quando lhe faço os tratamentos; sabe Helena, estou agastado com aquele caso, pois ocupa imenso tempo, em detrimento dos outros... - disse triste
- Mas o cão não é minúsculo perguntei
- É, só que é bravo como um corisco, vira as costas sempre que me vê, a Helena sabe como são os Pequinois de raça pura... uma personalidade forte...
- É um pequinois?
- Sim e de uma pureza pouco normal, não é todos os dias que se vê um assim, sei que deve ter sido criado com todos os mimos e agora está ali sozinho e não tolera companhia. Um problema.
Vim para casa e sentei-me um pouco a pensar no assunto. Quando de repente Eureka. Peguei no telefone e liguei para uma senhora que não via há mais de vinte anos.
- Perguntei à senhora se tinha desaparecido algum cão da sua casa, pois sabia que era fã de pequinois.
- A Helena nem me fale, desapareceu o meu Cocas há 6 meses, em Maio, já procuramos tudo, não consigo conformar-me e o meu marido que teve um AVC, está inconsolável, pois era seu companheiro na doença. - A coisa coincidia com o que o Dr. tinha dito.
- Sem mais nem para quê, liguei ao médico para se encontrar connosco no abrigo, pois tinha encontrado os donos, embora tivesse sido o instinto a dizer-mo.
O Senhor que mal podia andar desceu as escadas e sem mais dizer, enfiou-se no carro e lá fomos nós, de coração nas mãos a rezar para que fosse ele.
- Quando chegámos, entrei com o médico à frente e o Leãozinho, virou-se para a parede, de costas para nós. Pelo que chamei: - Cocas, Cocas... - o pequenino voltou-se e arrastou-se para mim. É ele e chamei a sua família. Não dá para descrever a emoção daquele momento, o senhor agachou-se com imensa dificuldade acariciou o bicho, como a sua pouca mobilidade lhe permitia. A senhora chorava convulsivamente e eu e o Dr. olhamos um para o outro e vimos os olhos de cada um, cheios de lágrimas.
Fui eu que o levei ao colo para casa, dentro do carro e os olhos do bicho tinham ganho vida. Estava eufórico de emoção.
Fez a alegria daquele casal idoso voltar, mesmo no estado em que se encontrava, paraplégico.
Passei a ir vê-lo de vez em quando e para ele, fui eu que o salvei, pois não era de muitas amizades e quando me via corria para mim. Sim, eu disse corria. Ao fim de mais 6 meses estava completamente curado e só com tratamentos de banho de imersão, exercício e muito carinho.
Vale a pena viver a vida, empenharmo-nos por pouco que seja, para trazer alegria a quatro seres; o cão, os donos, o médico e eu também consto na lista!
Querer é poder e uma força desconhecida impeliu-me para a resolução do problema, e não é que consegui?! Só ganhei ao "perder 4h de tempo".
2 comentários:
Obrigada por partilhar esta linda história. :)
Emocionei-me mesmo, mas que bom existirem pessoas assim :-)
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