Todos os dias recebo dezenas de e-mails com apelos de animais em risco. Geralmente, cães e gatos, mas também aparecem pombos, cavalos, burros, coelhos…
A maioria dos apelos pede famílias para acolherem estes animais, senão definitiva, pelo menos, temporariamente. Outros apelos pedem ajuda em dinheiro para fazer face a despesas veterinárias, de alojamento, de alimentação…
Um exemplo que aconteceu comigo, mas que pode acontecer com qualquer pessoa. Reparei num gato, ou gata ainda não sabia, a atravessar uma estrada muito lentamente. Estava pele e osso e tinha uma barriga tão grande que pensei que fosse uma gata prestes a parir. Podia ter virado as costas e seguido o meu caminho, mas não ficaria tranquila: aquela animal estava a precisar de ajuda.
Fui a casa buscar uma transportadora, pedia ajuda a uma amiga que apareceu com um cobertor e fizemos um cerco ao animal até o conseguirmos apanhar. Foi difícil, o gato, mesmo sem conseguir correr, escondia-se nos mais improváveis buracos, debaixo de carros, entre as silvas…
Corremos para o veterinário. Tratava-se de um macho. Estava doente mas o médico não podia adiantar nada sem fazer análises. Tínhamos de escolher entre fazer análises ou eutanasiar o bicho. Felizmente, podia dar-me ao luxo de não “contar os tostões” e não hesitei em pedir as análises.
Não me lembro o nome da doença, já foi há uns anos e era daqueles nomes compridos impossíveis de decorar.
O veterinário explicou que não tinha cura, que estava num estado avançadíssimo e que, na rua, o gato seria um foco de contágio para outros animais. A eutanásia era necessária.
Podia contar como chorei estupidamente por um gato que entrara na minha vida apenas umas horas antes, mas a “moral” desta história são os 99 euros que paguei.
A minha amiga Ana, com um coração e um bolso, maiores que os meus, assumiu essa despesa e reembolsou-me. Mas podia não o ter feito, e, nesse caso, a boa acção ter-me-ia saído cara!
Estas histórias acontecem diariamente, de norte a sul do país. Muitas vezes, as despesas implicadas ascendem a centenas de euros. É verdade que muitos veterinários são sensíveis a estas situações e fazem abatimentos nos preços, mas mesmo assim…
Quem opta por não virar as costas está a meter-se em trabalhos e em despesas. Mesmo que o animal esteja saudável, precisa de um sítio para ficar e todas as associações estão sobrelotadas. Nos canis municipais nem vale a pena pensar. Embora haja alguns (poucos) canis que não têm uma política de abate, as condições são tão más, que acho preferível pedir a um veterinário de confiança que “adormeça” o animal. Esta posição é discutível e, um dia, poderei escrever sobre ela.
Agora estou a escrever sobre a decisão que tomei de ajudar. Todos os meses reservo algum dinheiro para ajudar. Escolho um caso ou uma associação e faço uma transferência bancária. Ao escolher um, estou a rejeitar todos os outros, mas as minhas possibilidades são limitadas. Se muitas pessoas fizerem como eu, serão muitas as associações a serem ajudadas. Também há os casos das pessoas que encontram animais em risco e optam por não virar as costas: merecem ser ajudadas, mas, aí há que ter cuidado para não cairmos no conto do vigário. Acredito que a esmagadora maioria desses casos são verídicos, mas também há pessoas que se aproveitam da boa vontade alheia para encherem os próprios bolsos.
Escolher ajudar uma associação é mais seguro e, indirectamente, estamos a ajudar as pessoas que se “metem em trabalhos” porque estamos a dotar as associações de meios para poderem ajudar.
A maioria dos apelos pede famílias para acolherem estes animais, senão definitiva, pelo menos, temporariamente. Outros apelos pedem ajuda em dinheiro para fazer face a despesas veterinárias, de alojamento, de alimentação…
Um exemplo que aconteceu comigo, mas que pode acontecer com qualquer pessoa. Reparei num gato, ou gata ainda não sabia, a atravessar uma estrada muito lentamente. Estava pele e osso e tinha uma barriga tão grande que pensei que fosse uma gata prestes a parir. Podia ter virado as costas e seguido o meu caminho, mas não ficaria tranquila: aquela animal estava a precisar de ajuda.
Fui a casa buscar uma transportadora, pedia ajuda a uma amiga que apareceu com um cobertor e fizemos um cerco ao animal até o conseguirmos apanhar. Foi difícil, o gato, mesmo sem conseguir correr, escondia-se nos mais improváveis buracos, debaixo de carros, entre as silvas…
Corremos para o veterinário. Tratava-se de um macho. Estava doente mas o médico não podia adiantar nada sem fazer análises. Tínhamos de escolher entre fazer análises ou eutanasiar o bicho. Felizmente, podia dar-me ao luxo de não “contar os tostões” e não hesitei em pedir as análises.
Não me lembro o nome da doença, já foi há uns anos e era daqueles nomes compridos impossíveis de decorar.
O veterinário explicou que não tinha cura, que estava num estado avançadíssimo e que, na rua, o gato seria um foco de contágio para outros animais. A eutanásia era necessária.
Podia contar como chorei estupidamente por um gato que entrara na minha vida apenas umas horas antes, mas a “moral” desta história são os 99 euros que paguei.
A minha amiga Ana, com um coração e um bolso, maiores que os meus, assumiu essa despesa e reembolsou-me. Mas podia não o ter feito, e, nesse caso, a boa acção ter-me-ia saído cara!
Estas histórias acontecem diariamente, de norte a sul do país. Muitas vezes, as despesas implicadas ascendem a centenas de euros. É verdade que muitos veterinários são sensíveis a estas situações e fazem abatimentos nos preços, mas mesmo assim…
Quem opta por não virar as costas está a meter-se em trabalhos e em despesas. Mesmo que o animal esteja saudável, precisa de um sítio para ficar e todas as associações estão sobrelotadas. Nos canis municipais nem vale a pena pensar. Embora haja alguns (poucos) canis que não têm uma política de abate, as condições são tão más, que acho preferível pedir a um veterinário de confiança que “adormeça” o animal. Esta posição é discutível e, um dia, poderei escrever sobre ela.
Agora estou a escrever sobre a decisão que tomei de ajudar. Todos os meses reservo algum dinheiro para ajudar. Escolho um caso ou uma associação e faço uma transferência bancária. Ao escolher um, estou a rejeitar todos os outros, mas as minhas possibilidades são limitadas. Se muitas pessoas fizerem como eu, serão muitas as associações a serem ajudadas. Também há os casos das pessoas que encontram animais em risco e optam por não virar as costas: merecem ser ajudadas, mas, aí há que ter cuidado para não cairmos no conto do vigário. Acredito que a esmagadora maioria desses casos são verídicos, mas também há pessoas que se aproveitam da boa vontade alheia para encherem os próprios bolsos.
Escolher ajudar uma associação é mais seguro e, indirectamente, estamos a ajudar as pessoas que se “metem em trabalhos” porque estamos a dotar as associações de meios para poderem ajudar.
2 comentários:
Não podes imaginar como estes teus textos são importantes para a cultura em que vivemos. Isto tem que ser dito, explicado.
Concordo contigo, que em alguns casos é melhor os animais serem eutanasiados.
Colaboro mensalmente com duas instituições, uma de Lisboa, outra de Sesimbra... Havería muitas mais! E tenho sempre um saco de ração para os errantes que se cruzam no meu caminho, felizmente, sem precisarem de tratamentos, só comida e festas. Mas já "criámos" um gato que nem o vet dava nada por ele e fez-se um lindo menino, que viveu muitos anos (inclusive, foi pai da minha pequena M.).
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